Podilê

Este blog é um diário das minhas intempéries.

quarta-feira

Ciclistazinho lazarento

Um ciclistazinho lazarento de meia tijela me atropelou ano passado. Isso me deixou sem humor e, como uma coisa é, necessáriamente, consequencia da outra: Fogo farto pra gente goísta que abandona crianças à própria sorte.

Entro nesses sites de relacionamento e vejo os perfis dos ratos. Não sei se vocês sabem, mas nessas horas o tempo para e vaaaarias coisas passam pela cabeça "por que estou vendo isso?" "quem é essa pessoa?" "O que eu vou dar de presente para o meu pai?", e toda a sorte de outras coisas.

Após todos os questionamentos que passam pela minha cabeça nesses instantes, eu percebo que o fato é que o monstro ainda está ali. Escondendo seu sorriso patético atrás de rodas de bicicletas "da paz".

Veja o que não fazer na sua existência, na próxima né, porque essa já era: seja homem, não seja rato; não se pareça com um rato, não aja como um rato.

Vocês podem imaginar que, no fundo, eu me divirto. Em dias de bom humor, claro. Nasci nos anos 70, vi nos muros da minha cidade o movimento das "diretas já", eu conheci Ulisses Guimarães. Minha adolescencia foi numa cidade virtual, montada para o poder, envelheci ouvindo discursos. Todas as dificuldades imagináveis me fizeram amadurecer cedo, perceber discursos vazios.

Quando soube que estava grávida, após o susto todo e toda a confusão, decidi que faria tudo o que fosse preciso para conseguir oferecer ao Tito conforto e dignidade. Vencer, o que para muitos é sonho, para mim, a partir daquele momento, virou única realidade.

Meu combustível: Tito; Minha determinação: Tito; Meu suporte: Tito; Meu destino: Tito; Minha coragem: Tito. Invariavelmente.

Talvez o que nos contrasta me estimule a essa reflexão, não vou julgar seu mérito, se é que há algum. A questão toda é: por que eu ainda me preocupo com isso? Porque há uma balança em desequilíbrio e o lado mais pesado é o meu. Porque há dias em que eu não posso contar com ninguém, a não ser comigo. E, principalmente, porque eu não viro as costas e ligo o foda-se, como fazem os ratos.

Tenho TUDO que preciso.

Indiferença, impunidade, covardia... isso existe e está escondido atrás dos discursos vazios e das rodas das bicicletas.