Democracia é mandar o italiano voltar pra terra dele

Eu não li todo o Política, do Aristóteles, mas lá, nas partes que eu li, dizia que o governo democrático era injusto e que justo mesmo era a politéia, que tinha representantes e por meio deles o povo governava.

Daí que eu, tico e teco, tava ali debaixo dos coqueiros tomando água de coco na barraquinha do seu vadinho e me aparece um narigudo. A moça, morena, linda, tomando sol, ouvindo o cd-player dela e o narigudo-perna-fina senta bem do lado...

Todos olham. O narigudo puxa assunto e a moça tira o fone de ouvido. Eu tomo minha água de coco e todo mundo vai caçar mais o que fazer. Dali a pouco, a menina levanta indignada, arranca a canga do chão e grita pro italiano que vá pra Itália, que safado, filho da... (pobre italiana) e sai pisando duro...

Uma vez me disseram que Lapa, no Rio de Janeiro, era o lugar mais democrático do Brasil. Conversa fiada! Democrática é a praia! Veja então!
Todo mundo quase pelado, largarteando no sol: prostituta, brasileiro, argentino, família, cachorro, menino com calça, menino sem calça, vendedor, passante, moça bonita, moça feia, moço besta, moço esperto, povo magro, branco, velho (aliás velhos, vi poucos... mais aliás, não vi nenhum), novo, não interessa, tá todo mundo lá. Quem incomodar pode ser mandado embora ou simplesmente ignorado, tá tudo certo.

E quem não gostar que volte pra onde veio! Eu adoro a praia.