Lembretes

Abre-se a porta do quarto. Balões brancos espalhados pelo teto, fitinhas vermelhas descem deles quase até a cintura. A cama repleta de fotos do casal e um tapete feito com milhões de papeizinhos com "Eu te amo" e "Nunca me esqueça" escritos. Lembretes. Ele entra no quarto e recebe beijos, abraços, apaixonados, angelicais, o sorriso delicado pendura-se em seu pescoço. Os papéis, as fotos, os balões... festa para um amor vazio.

Os lábios de que lembrava agora, não eram os da festa. Daqueles lábos jamais esqueceria; lábios molhados e uma serpente deliciosa, uma mulher perigosa, depois deles. E que vontade tinha de beijar outra vez aqueles lábios, de tocar outra vez aquele corpo. Queria achar mais dela em cada uma e, no entanto, em todas que possuíra, nada dela identificava.

Os lembretes, todos, esquecidos.