Podilê

Este blog é um diário das minhas intempéries.

sábado

Em suma

Como diz CDA, no poema Eu, etiqueta: "Já não me convém o título de homem. / Meu nome novo é coisa. / Eu sou a coisa, coisamente."

Tava eu tomando sol numa praia deserta, a dos Nativos. E passa um helicóptero num rasante. É impressionante a capacidade de incomodar. Valeu a visita, obrigada. Pode ir.

Mas não, claro. O helicóptero preto vai da minha direita para a esquerda, num razante, e volta, fazendo um círculo ao meu redor.

"O que é a relação de consumo" eu penso. Me divertir nas férias significa relaxar, aprender, sentar só, só, só, só, sozinha numa praia e não dar explicação para ninguém. Nem a mim mesma.

Para outros, o dono do helicóptero preto, é incomodar quem está tomando sol. Ele deve mesmo achar bonito jogar areia e água salgada em mim. A minha vontade era mexer o nariz, como aquela loira do seriado, e fazer aparecer uma placa bem grande dizendo:

Filinho, a realidade não é espetáculo, eu não sou shopping center, dou presente no natal, na páscoa e no dia das mães, minha cultura não morreu, transforma-se e tem seu próprio sentido. Estou no meu direito de fruiçãoi espontânea do meu tempo livre.

Era melhor ter sentado ao meu lado, narigudo e de perna fina, ao menos eu mandava de volta pra o lugar de onde saiu!!!