Podilê

Este blog é um diário das minhas intempéries.

domingo

Paella en parejas

Hoje tem "paella" aqui em casa, minha "ermã" é que é a Gourmet.

Com a internacionalização do cardápio e a farra de frutos do mar lembrei do livro do Amyr Klink que acabei de ler, chama-se "100 dias entre céu e mar", fala da viagem dele atravessando o Atlântico, da África até Salvador... termina lindo, debaixo de uma árvore e é um dos mais belos livros que já li. Tem algumas partes que preicsam ficar aqui pra meu registro:

"... meu barquinho, subindo e descendo as ondas sem teimar com o mar, se sairia infinitamente melhor que 150 metros de obstinado aço, desafiando montanhas de água" (qq semelhança é mera coincidência neh..)

"Não pretendia vencer corrente alguma com os braços, mas sim com a cabeça."

"Se, de um lado, tudo estava em movimento, brusco ou lento, o barco balançando, as ondas correndo, ou as nuvens e os astros que discretos se moviam, por outro lado descobri uma exceção - algo imóvel e estável - , a linha do horizonte. (...) O horizonte passou a ser meu ponto de apoio e companheiro de viagem."

"No mar, o menor caminho entre dois pontos não é necessariamente o mais curto, mas aquele que conta com o máximo de condições favoráveis.(...) eu me valeria, não da força para ir contra as correntes, mas da astúcia em saber acompanhá-las" (Só no mar?)

"... de nada adiantaria medir braços com algo maior que as minhas forças, e que, ao invés de teimar com o tempo e correr o risco de quebrar o barco, deveria ser paciente e saber aguardar o momento certo de continuar em frente.
Negociando com o mau tempo, sem perder de vista meu objetivo, haveria de atravessar aquela situação."
(não... não é um livro de auto-ajuda kkk)

"Não passei naqueles sete dias por um momento sequer de monotinia, triteza ou desespero. Pois nada é mais certo que a chegada do bom tempo após uma tempestade que parece interminável."

"Não havia nada a fazer além de adaptar-me a essa vida provisória, aguardando que o tempo melhorasse. Depois de tantos dias deitado estava dancansado e já morria de saudades dos remos, eles também por uma semana deitados e amarrados no convés."

"Não me encontrava em uma situação indefidida ou permanete, e talvez por isso me sentisse bem. Tinha um objetivo na mente, e um só: chegar ao Brasil. E, ainda que fosse distante ou extremamente difícil, sabia que poderia alcançá-lo."

"Essa certeza me fazia esquecer das agruras de um confinado cotidiano, flutuando entre tanta força e espaço."


"Melhor manter a dignidade e fazer as pazes."

"... como nos falta o sentido prático da natureza..."

"... há um sentido de utilidade de renovação eternos..."

"O grande problema de estar sozinho era não ter com quem reclamar das coisas que não iam bem." (algo semelhante com morar sozinha? :-)

"... assim como nas boas horas o lado positivo das pessoas se soma, nas horas negras o lado negativo se multiplica..."

"A imensidão do mar tornava minúsculos os meus maiores problemas e gigantes as menores alegrias. Ensinou-me a dar valor à vida que eu levava e a pequenas coisas que às vezes passavam despercebidas."


"... e então pude constatar como tão poucas coisas eram suficientes para viver em paz e bem."

"Entrei nos remos com os dentes apertados." (Eu gostei dessa expressão!!!)

"Qual será o melhor dia da minha vida?" (hein? hein? hein? Qual? :-)

Claro que hoje vou ter que correr o mundo inteiro para poder recuperar o peso de toda a paella que comi, mas ao menos ficou todo esse livro e todo esse exemplo. Assim, mundo! Pernas pra que te quero!!

Boa semana pra todos que por aqui passarem!