A língua do P
Estou lendo um livro chamado “Preconceito lingüístico”, de um cara chamado Marcos Bagno, formado da federal de Pernambuco.
No prefácio eu me apaixonei por ele porque dedicou o livro ao sogro, à sobra e ao cunhado... pasmem: analfabetos. E convida todos que o lêem a combater o preconceito no dia-a-dia.
Analisa muitos mitos interessantes, a idéia de que falamos uma única língua por exemplo, é um deles. Ataca veementemente o Cegala (e nisso eu muito sou sua cúmplice porque sempre achei o Cegala um tanto quanto controverso mesmo com aquela conversinha de que o português português é o que vale, mitificando que o nosso brasileirinho é emprestado...). Diz que o nosso português atende perfeitamente às necessidades do povo brasileiro.
Defende que os professores devem desenvolver a capacidade de expressão dos seus alunos e não encher a sala de aula com regras gramaticais e Euzinha Córdova, enquanto leio este livro, lembro do meu irmão. Será que a valorização ostensiva da linguagem falada não favoreceria a exclusão dele? Justo agora que há tão belas e importantes conquistas para esses brasileiros que não ouvem???
Sei, sei que o objetivo é dirimir mitos, mas temo estar criando espaço para outras exclusões. Bagno afirma que a língua escrita é instrumento de contenção de classes e a língua falada é instrumento de exclusão – logo, ambas argumentos de preconceito.
Politiza o ensino da Língua Portuguesa porque diz que a idéia de que português é difícil é o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder. Diz que as pessoas deveriam acionar a lei do consumidor ao comprar um manual de Língua Portuguesa pois esses autores transformaram a Língua Portuguesa num produto comercial. E não é, é patrimônio comum.
Gostei desse cabra.